
É estranho, uma noite em que faz mais calor do que provavelmente fez de dia. Existe um sincero desconforto em ser pego por lembranças, todas misturadas, algumas recentes e outras nem tanto assim. O fato é que eu me pego em momentos silenciosos, prolongados e praticamente indescritíveis, a não ser pelo doce fardo de ser capaz de lembrar, e lembrar.
Não escrevo pra exaltar nenhum tipo de pesar, não escrevo pra dar lugar a qualquer possibilidade triste e seca que ronda o que é óbvio e o que é secreto. Não poderia deixar de partilhar (nem que seja só comigo mesmo) essa escrita, esse tímido desabafo que, pra ser sincero, não merece um parágrafo raso nesse eterno texto que a vida por si só se encarrega de escrever.
A verdade é que eu, como a maioria, sou capaz de extrair da memória o mais suave sopro de paz, o mais destemido dos beijos e o mais sagaz dos pecados perdoados. Eu vou ter que fazer o que já vinha fazendo, manter meu sorriso como uma prática selvagem, indomada; que não se abala pelas propostas míopes que aparecem sem aviso prévio... eu prossigo, eu acredito, eu sinto, eu correspondo... ninguém pode desistir de ser o que de fato é.
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